segunda-feira, 1 de setembro de 2008

PANACEA MUSICALIS - A música escrita no blog do Maldita...


QUE PLÂNCTON É ESSE?
por Ricardo André

"Tudo o que você quis saber sobre 'samba rock' está em África Brasil (1976). Com inigualável maestria, Jorge Ben mistura, como ninguém, o suingue do samba e do funk ao peso do rock n' roll. A criatividade das composições, os ritmos inconfundíveis de sua guitarra e a sonoridade de sua banda fazem deste álbum um dos maiores clássicos da MPB."
Charles Gavin

Pois é. O CD saiu pela gravadora Universal - série Remasters Samba & Soul - no ano de 2001, mas é atemporal. O projeto de relançamentos remasterizados de discos emblemáticos da MPB foi coordenado por Charles Gavin (baterista dos Titãs desde 84, com passagem pelo Ira no começo da carreira), hábil garimpador de sebos quando o assunto é vinil raro e música de qualidade.

Com uma agradabilíssima sonoridade, fruto da fusão do rock e do samba e com ênfase nos instrumentos percussivos mas sem deixar a guitarra de fora, Africa Brasil é uma delícia do começo ao fim. Abre com Ponta de Lança Africano (Umbabarauma), o "homem gol"; passa pela maravilhosa Meus Filhos, Meu Tesouro; conta A História de Jorge e tem a clássica Camisa 10 da Gávea (em homenagem ao Galinho de Quintino), dentre outras imperdíveis.

O disco beira o conceitual, seja pelo título, seja por Xica da Silva (que inaugura o lado B) ou pela faixa título, que fecha o disco com a história de Zumbi contada daquele jeito "jorgebeniano". Apesar do flerte com a temática afro, o disco não se limita a variações sobre o mesmo tema.

Jorge Ben Jor influenciou muitos artistas, nacionais e internacionais. No ano em que o punk explodiria em Londres mostrando que a música precisava de uma guinada de rumo, África Brasil chega misturando ritmos aparentemente inconciliáveis, permeados pela guitarra ritmica e hipnótica desse autêntico bandleader brazuca.

O álbum faz parte da lista de "1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer" (Robert Dimery, Sextante, 960 p.) e sua resenha fica a cargo de Andrew Gilbert, escritor freelancer, especialista em jazz, música brasileira, afro-caribenha e da África Ocidental. No entender do articulista, as influências trabalhadas por Jorge passa pela mistura de Sly Stone com James Brown. Parece que a referência do cara é o mainstream internacional, já que a sonoridade do disco parece ter raízes muito mais profundas.

Seja lá como for, África Brasil, influenciou músicos de todas as partes. Basta ouvir Rod Stewart cantando seu hit Da Ya Think I´m Sexy (1978) pra perceber que a música foi chupada da melodia do refrão ("tetê-tere-tetê") de Taj Mahal. Diante do inafastável plágio, Jorge Ben veio a ganhar o processo com o qual entrara contra Stewart, que acabou tendo de ceder os direitos da canção para a UNICEF. A música de Stewart impulsionou o álbum "Blondes Have More Fun... or do they?" que chegou ao primeiro lugar nas paradas britânicas. A música ocupa a 301.ª colocação no ranking da Rollin Stone das 500 melhores músicas de todos os tempos.

Dig Dig Dig (Hempa), do Planet Hemp, traz um trecho da letra da faixa título de Africa Brasil, e canta: "Zumbi é o Senhor das Guerras, Zumbi é o Senhor das Demandas e quando Zumbi chega, é Zumbi quem manda". A lista daqueles que bebem na fonte de JBJ é incompatível com o espaço do PANACEA.

Apesar de África Brasil não ter obtido o merecido sucesso comercial, é considerado por muitos o grande ponto da versatilidade criativa desse flamenguista de Madureira, filho de uma etíope e dono de um suíngue único. Um cara que faz músicas contagiantes sem rimar e que consegue tirar "sambalanço" até mesmo de um simplório microorganismo bonito e verdinho, que dá na água.

7 comentários:

Celamar Maione disse...

Meninos,
amo Jorge Ben Jor. Não dá para ficar parada nos shows do " cara ". O suwing é muito bom.O blog de vocês está cada vez melhor. Diversificado. Informativo. Parabéns ! Beijosssssss

Anônimo disse...

Bingo, escutei vocês ontem! pena que o som tava muito chiado. Mas, não puseram nada de jorge. Excelente crônica do panacea.Não gostei da banda que levaram ontem. Aliás o programa acaba muito tarde, deveria começar mais cedo e o vascaíno pentelhou o felipe.Hilário. Liguei pra vcs e ninguém me atendeu. Snif snif,semana que vem ligo mais.

Anônimo disse...

Pois é , esse lance de samba -áfrica é show, vai a dica , coloquem no player de vocês as canções da crônica, seria muito bom!beijos, adorei o post!

Anônimo disse...

Não sou fã de jorge, mas adoro charles Gavin, acho a levada dele diferente e fundamental para os titãs, que reputo com uma das três melhores bandas rockeiras brasileiras de todos os tempos. Parabéns, saio daqui com mais cultura!

Anônimo disse...

Não sou fã de jorge, mas adoro charles Gavin, acho a levada dele diferente e fundamental para os titãs, que reputo com uma das três melhores bandas rockeiras brasileiras de todos os tempos. Parabéns, saio daqui com mais cultura!

Anônimo disse...

Gosto de Ben Jor, mas prefiro sua fase mais recente, mais dançante, mais suingada, mais pop. Fantástico a matéria. Bem personalizada.

Canto da Boca disse...

O texto me fez rever meus preconceitos musicais, escanteei o Benjor já há alguns anos, porque no meu exigente ouvido, o que ficou resistrado, foi o fato da ritmidade, da música a que os instrumentos inumanos dão vida e movimento, ser sempre e sempre e sempre e sempre a mesma.
Vou tentar ouvir, e fico com a sugestão da Lívia, coloquem aí pra ouvirmos. E se vcs entrarem em contato com o Gavin, avisaê que tenho algumas pérolas em vinil, não dou, nem vendo, mas posso emprestar.
;)

Perfeito!! Você esta plugado no Maldita Futebol Clube...Tá na boa, tá na área!!

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